sexta-feira, 11 de maio de 2012

Reconvexos e página 69

Aos vinte e nove anos (muitos não acreditam quando eu digo) e quatro dias aconteceu uma surpreendente surpresa, se me permitem a redundância movida a gratidão. Certamente das muitas surpresas boas de minha vida, das quais ocorreram como um verdadeiro presente, que jamais esquecerei. 
São coisas do infindável dos sentimentos.
E na simplicidade (ponto positivo pois mostraram que me conhecem) e intimidade do momento, sem celebrismos, comemos (muito, por sinal), rimos, conversamos... Isto é, fomos e estamos sendo amigos. Inclusive, poderia agora lembrar que uma autora de sucesso certa feita contou sobre seus amigos de faculdade e como estavam unidos por uma enorme afeição, afinal esse é um momento que há uma experiência compartilhada (e pra nós até nas dificuldades, tristezas e alegrias de nosso curso). E muito provavelmente, assim como ela, essas três pessoas estarão para sempre na minha vida. Quem sabe até como padrinhos (filhos!?!?) ou personagens de uma crônica qualquer...
Posso dizer mais sobre esses meus, há uns dois anos e meio constantes, grandes amigos, que eles são tão únicos quanto meus melhores amigos. Há quem vá dizer da minha capacidade de ter e viver com amigos diferentes (os mais corajosamente sinceros dizem pitorescos, loucos, estranhos). Outros dizem que minha virtude, por me adaptar a conviver com diferentes pessoas, é a paciência. 
Digo que é simplesmente olhar mais fundo, ouvir mais tempo, escutar com coração.
E o que vejo, ouço e sinto é algo muito interessante. E, nesse momento, acho oportuno citar Caetano. Afinal, uma dessas pessoas, ela, é bem capaz de, com ou sem chuva, levantar areia do Saara sobre os automóveis de Roma (e olhe que ela é capaz de chegar a muitos lugares, antes do que muitos pensam). A outra, pode cometer garfes, eu sei, todavia é capaz de, nos golpes da pobreza (cito-a), ser uma destemida Iara, água e folha da Amazônia (ou de outra cidade da Bahia), e dançar como uma sereia. Já o outro, tem se mostrado como a mais nova espada e seu corte (língua sincera), mesmo sendo sempre amigável, gentil (muitos chocolates e pen drives) e parceiro de todos, pra todas as horas.
Como não agradecer a presença incrível dessas únicas pessoas em minha vida? Às vezes, eu dou um de guardião firme e forte e não sou suficientemente claro sobre minhas gratidões e sentimentos. Talvez por meio da escrita eu seja melhor nas palavras, entretanto espero estar sendo mais que palavras na vida de deles. E de meus, perto e distante, outros amigos.
É certo que ainda nem rezamos a novena da Dona Canô (talvez precisemos para terminar o curso bem), e nem fomos atrás do Olodum balançando o Pelô (quem sabe não necessitemos para relaxar). Mas que bom que nós sempre rimos e somos forte quando pudemos. E é um riso muito melhor que a risada de Andy Warhol e podemos ter mais força que o preto norte-americano forte.
Por fim, não posso esquecer que presentes, como disse a Srª. Lispector, podem representar o sentimento de doação de uma pessoa, ou muitas vezes, a própria pessoa. E eu ganhei um presente daqueles tipo "não tem preço". Isso porque os próximo a mim sabem do quanto eu gosto dos poemas de um certo poeta amazonense.
Abaixo, então, um forte e belo poema do livro que ganhei. E que os fortes continuem fortes, e os que veem, reparem suas forças, para amar sempre, e em verdade.

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A Aprendizagem Amarga

Chega um dia em que o dia termina
Chega um dia em que a mão, já no caminho,
de repente se esquece do seu gesto.

Chega um dia em que a lenha já não chega
para acender o fogo da lareira.
Chega um dia em que o amor, que era infinito,
de repente se acaba, de repente.

Força é saber amar, perto e distante,
com o encanto de rosa livre na haste,
para que o amor ferido não se acabe
na eternidade amarga de um instante.


Thiago de Mello

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E mais uma vez, muito obrigado.