sábado, 30 de junho de 2012

Saudades, canção e imensidão

As vezes bate uma saudade de tocar certas músicas.
Em muitos momentos de fé, por exemplo, algumas músicas parecem se encaixar perfeitamente.
Uma delas é essa abaixo, música das mais inflamadas e fortes que já toquei.
Acabou que outros videos bem interessantes foram encontrados. Proveitosos principalmente para tocadores de violão (like me) e guitarristas.

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Quando não iremos a Paris?!

Mesmo com os indícios de continuidade da greve por mais dias na educação brasileira e, especificamente, baiana, por que não lembrar de certos gênios brasileiros?
Há quem lembre dos mais atuais, como Miguel Nicolelis, Eduardo Góes Neves e Rosaly Lopes. Outros irão se ater um pouco ao passado, não menos empolgante, afinal há mais de 100 anos, o 14 bis, pilotado pelo cientista brasileiro Santos Dumont, elevou-se nos céus de Paris, dando um grande passo no desenvolvimento da tecnologia mundial. 
Nesse aspecto, uma questão pode surgir: Será que a tecnologia e a ciência somente estão ligadas a proezas monumentais? 
Se analisarmos, com um olhar atento, veremos que nosso cotidiano encontra-se repleto de tecnologia, auxiliando a nossa dura existência. Seria bem difícil, na época atual, viver sem energia elétrica, o que seria dos alimentos sem a geladeira? Como suportaríamos o excessivo calor de Salvador, por exemplo, sem o ar-condicionado a deixar um ambiente fechado mais agradável? Ou os exames laboratoriais, considerados hoje tão corriqueiros, e muitos nem sabem o quanto de ciência, pesquisa e desenvolvimento foram necessários para que um diagnóstico esteja numa simples folha de papel? Enfim, muita tecnologia presente em nosso meio que passa despercebida por muitos. 
Talvez esta negligência seja fruto da educação atual, cuja maioria das escolas brasileiras coloca a ciência e a tecnologia como coisas inacessíveis, difíceis de entender. Poucos professores aproximam a ciência da vida, raro são os que saem da sala de aula e conectam seus alunos ao grande laboratório em que vivemos. Possivelmente seja preciso qualificar melhor e incentivar (financeiramente) os professores, ou alguns vão dizer que "uma reformulação na educação brasileira é necessária". Podem ser essas umas das razões para a greve de mais de 75 dias em Salvador? Eis a questão. 
Provavelmente, as matérias como Física ou Química devam continuar a interessar pouco os alunos e quanto mais tempo sem aula, como despertar vocações latentes nestas áreas já tão sofridas de carência de educadores? É verdade também: já estamos perdendo muitos cientistas para o exterior, e talvez seus trabalhos realmente só possam ser realizados lá, por mais estrutura encontrada, por mais dinheiro disponibilizado, por mais esperança de sucesso, por mais experiência na área. E nesse âmbito, dois dos três cientistas da atualidade, inicialmente citados por exemplo, realizam seus trabalhos nos EUA. 
Por fim, é preciso lembrar que alguns chamam a atual presidente de sacoleira, por sua atitude de liberar bolsas para graduação, pós-graduação e pós-doutorados, no exterior. No entanto, se o Brasil antes carecia de capacitação, agora mais do que nunca, crescendo da maneira que está, é provável que necessite de profissionais mais qualificados num futuro próximo. Seja com medidas paliativas ou não o importante é que carecemos ponderar sobre o amanhã que queremos para o Brasil, a fim de que os futuros cientistas não precisem ir à Paris realizar um grande feito.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A voz do Amazonas: A fruta aberta


A fruta aberta 

por Thiago de Mello

para Anamaria


Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.

Agora sei as coisa como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o seu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.

Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.

Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.


Sobrevoando a Cordilheira dos Andes, 1962


[Do presente dos inesquecíveis: Faz escuro mas eu canto. Thiago de Mello - 23ªEd. - Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2009. p. 59-60.]