terça-feira, 7 de setembro de 2010

A Dente-de-leão e o voo

Certa vez alguém me perguntou qual o nome da flor, plano de fundo desse blog, que finalmente resolvi criar. Lembro-me agora dizendo, todo conhecedor: Dente-de-leão! Oxe! Recordo-me, também, que a pessoa não reagiu bem a esse nome vulgar, para ela, de certo, assim como eu, a beleza real dessa flor merecia um nome vulgar muito mais conotativo.

Em verdade percebi nesta planta florífera uma revelação a mim, pouco do muito de mim. Uma parte importante e meio louca em mim. Mas, antes de todo o voo sobre o azul infinito particular, como bom graduando fiz uma busca rápida e aprendi um pouco sobre a Dente-de-leão.

O gênero é Taraxacum e muitas são as espécies, servindo de insumos fitoterápicos que eu não saberia sem rápido acesso a Web, como a Taraxacum officinale, com grande potencial diurético, destoxificante, laxante, no entanto, não é indicado o uso durante a gravidez. Além disso, diz-se que contribui para aumentar a produção de bílis, portanto adequado para os problemas de fígado e vesícula biliar. E alguns estudos vêm caminhando para corroborar, eu espero, ou não a eficácia do uso empírico da planta.

Na história esse uso se confirma, afinal os celtas inseriram a Dente-de-leão às legiões romanas quando César invadiu o norte. Os anglo-saxões e normandos o usavam a fim de prevenir o escorbuto (deficiência de vitamina C). Nos monastérios medievais, os jardins continham a Dente-de-leão para uso tanto como comida, quanto medicinal.

São muitos os nomes: taráxaco, amor-de-homem, amargosa, alface-de-cão ou salada-de-toupeira. Mas eu escolheria esperança, como em alguns lugares aqui no Nordeste é chamada. Porém, uma volubilidade faz mudar minha escolha. Isso porque acredito no sopro de uma Dente-de-leão: A Liberdade!

Sim, ora, se você não reparou antes, caro leitor, abra os olhos para a irregularidade das pétalas, da sua tolerância com o diferente, da união do voar ao sopro, agarradas às sementes. De mesmo sendo diferentes e fruto da mesma mãe, voam unidas e, às vezes, sós.

Num blog eles diziam: A Dente-de-leão nos remete às idéias de inconclusão, incompletude e inacabamento. Prefiro, sem muito discordar, mesmo equivocando-me, quem sabe, resumí-la a eternidade, pois, no seu voo, a semente na forma de pequenos pára-quedas irá gerar uma nova flor, distinta, cheia de pétalas disformes.

Então, num assopro, livre voa, adapta-se, semeia, e novamente principia o ciclo eterno de vida e liberdade.

Duda, 07 de setembro de 2010.

P.S.: Atente-se em sentir o vento, ou o soprar, princípio de um novo voo.

***
Para saber mais:

VEIGA-JUNIOR, V. F.. Estudo do consumo de plantas medicinais na Região Centro-Norte do Estado do Rio de Janeiro: aceitação pelos profissionais de saúde e modo de uso pela população. Brazilian Journal of Pharmacognosy 18(2): 308-313, Abr./Jun. 2008.
SILVA, F.A.M., NOGUEIRA, F.D.; RIBEIRO, L.L.; GODINHO, A. e GUIMARÃES, P.T.G. Exsudação de ácidos orgânicos em rizosfera de plantas daninhas. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.19, n.2, p.193-196, 2001.
TESKE, M.; TRENTINI, A M.M. Herbarium – Compêndio de Fitoterapia, 3ºedição revisada, Curitiba.
FETROW, C.W.; AVILA, J.R.; Manual de Medicina Alternativa para o profissional. 3. Guanabara Koogan, 2000.
http://historiaemprojetos.blogspot.com/2008/08/paulo-freire-e-flor-dente-de-leo.html

2 comentários:

Duda disse...

Teste!
Gostei

Naiana P. de Freitas disse...

nossa, texto etimologico,histórico super. rsos. só lembrei dos portugueses e ingleses na formação de sua língua materna,rsos. ah e ainda tem referência! acho que vão roubar seu texto pra fazer trabalho escolar,rsos. mtooo bom!