segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Uma das marcas da eleição 2010





Confesso que minha vontade não era expor um texto de certa forma antigo, mas percebo que o momento é propício. Vale ressaltar também o não intuito de conduzir a votação de ninguém, mas acredito que uma das marcas sujas dessa eleição foi a utilização de uma polêmica tão desagradável, pelo menos a mim, para conseguir votos. Melhor seria discutir isso mais moderadamente, com maturidade, avaliando os dois lados da polêmica, não se utilizando da posição de um, contra ele mesmo, ou fingindo ter uma posição que não tem. Buscar um ponto em comum, ao invés de todo esse lenga-lenga.


Lembro a todos que o texto é de 2008, mas não mudei muito minha posição e não vou aumentá-lo, por falta de tempo e também para não cansar o leitor.

Mas não deixe de emitir sua posição nos comentários, mesmo que contrária, afinal as polêmicas, às vezes se resolvem a partir do equilíbrio entre as partes, se souberem ao fim ouvir e ceder um pouco.

Necessidade ou Conveniência Social?

Os debates a respeito da legalização do aborto no Brasil ganharam ainda mais amplitude, após a decisão da CNBB em adotar como tema da campanha da fraternidade, o direito à vida. Conduto, por se tratar de uma polêmica, há quem discorde dos argumentos da Igreja, defendendo a interrupção da gravidez como direito. Mas quais dos dois lados têm uma solução benéfica para a sociedade brasileira?

Defensores da legalização sustentam sua tese na questão da saúde pública. Citam o aborto inseguro, um contribuinte pra os altos índices de mortalidade materna, sobretudo nas condições inseguras e de graves riscos à saúde das clínicas clandestinas. Por essa escolha ilegal, as mulheres podem ter seqüelas que vão desde a perfuração do útero, ou a infertilidade, entre outros. São argumentos fortes que alargam a tese do direito de opção da mulher, quanto ao uso de seu corpo, devendo ser exercidos sem preconceito no estado democrático brasileiro.

Apesar de tais argumentos, e mesmo não estando em sincronia com os ideais da igreja, os que são contra o aborto legalizado, refutam as alegações pró-aborto como convenientes à irresponsabilidade e lesadoras do direito à vida. Mencionam a humanidade do feto, e este, por ser inocente, sem poder de defesa, não deveria sofrer com a crueldade de abortos como os métodos por sucção, curetagem ou envenenamento salino. Técnicas cruéis de interrupção idênticas à assassinatos, além de trazerem danos à saúde, sem lembrar dos danos sociais e psicológicos à mulher.

Embora os dois grupos protejam suas teses em bons argumentos, é necessário algo além de uma medida corretora como a legalização, para conter as mortes ou seqüelas para as mulheres. Está claro que a ignorância e a irresponsabilidade são o problema. O imprescindível seria investir na formação e orientação sexuais dos jovens brasileiros, além da orientação para o planejamento familiar. Seria por demais desejável para o Brasil, investirmos na prevenção da gravidez, ao invés de gastar milhões em clínicas onde humanos serão mortos como animais.

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