sexta-feira, 6 de julho de 2012

Você gosta de levar vantagem em tudo, certo?

Esta famigerada pergunta é para muitos brasileiros, retórica. Quando Gerson, o tricampeão brasileiro de futebol, soltou tal frase podia não saber, mas captava um elemento de identificação intrínseco no imaginário popular, e, ao mesmo tempo, profetizava uma onda continua de corrupção na política e na sociedade brasileira.
Antes de mais nada é importante levarmos em conta que durante a história do Brasil uma identidade equivocada foi criada. Inicialmente os brasileiros eram tidos como preguiçosos, o que alguns dizem ser herança dos índios. Outro legado, o escravista, nos fizeram ter horror ao trabalho, assim dizem. A partir desta idéia surgem os malandros e tornam-se parte do imaginário popular fazendo contraponto ao modelo europeu cheio de regras. Com o tempo, o malandro caiu para a contravenção, mas o folclore do “jeitinho brasileiro” já havia marcado quase que definitivamente o caráter nacional. 
Embora estejamos no século XXI, a regra da malandragem persevera em nosso país, seja na política ou no dia-a-dia do povo brasileiro. São muitos os escândalos ocorridos na política, constantes por anos a fio. Todos os casos de corrupção que vem ocorrendo são mais revoltantes por não encerrarem em punição devida e exemplar, tornando a impunidade outra terrível marca do Brasil. 
Mas a política brasileira não está sozinha, uma rápida análise no cotidiano dos brasileiros revelará que a ética é muito pouco praticada. Um exemplo é o instalador de persianas que vem a sua casa e diz que ele também vende este produto (de segunda mão) e muito mais barato. Outro exemplo é o dos milhares de estudantes fantasmas usando carteiras falsas para pagar meia-entrada em cinemas, shows e teatros, além das corrupções já conhecidas que vão desde conseguir um lugar na frente de uma fila ou calar-se ao receber um benefício indevido da previdência. 
De fato, a idéia de levar vantagem sobre os outros conduz, muitas vezes, as pessoas a não cumprirem um papel de transformação na sociedade, além de colocar a imagem do Brasil como um país repleto de trapaceiros. Enquanto não nos cobrarmos, cada um de si mesmo, até que a postura ética substitua a condescendência, a convivência e a prática da corrupção, o Brasil continuará imaturo cultural, política e socialmente.

Um comentário:

Naiana P. de Freitas disse...

De fato..o jeitinho brasileiro é uma coisa digna de estudo científico!
Estou até um esboço de texto sobre isso, em uma situação de fila...imagina?
Dá nos nervos!
abraço!